22.1.11

1808



   Dia desses vi um marcador solitário num livro, daqueles que você deixa e esquece, como os trabalhos acadêmicos se deram por fim (e agora começa a busca pelo concurso público), resolvi dar fim também aquela obra, se tratava de 1808, livro de Laurentino Gomes, que decorre sobre o mesmo ano do título, onde a coroa real portuguesa "foge" para o Brasil.
 O livro tem inúmeras qualidades mas não sem algumas ressalvas, na condição de historiador não poderia dizer que o livro acrescenta na historiografia do tema, além de um único ponto em seu final que comentarei depois, conta com inúmeras pesquisas de obras renomadas pra defender a sua, e tem como base Dom João VI no Brasil de Manoel de Oliveira Lima, o livro traz novamente a história do país a tona, como não se interessar no único monarca europeu que pisou em terras americanas? a viagem que traçou o futuro do país, o rei que driblou o exército de Napoleão Bonaparte além de que tinha inúmeras peculiaridades que hoje dão todo um tom humorado sobre o acontecimento? A obra passou várias semanas como o livro de não ficção mais vendido no país (em 2008), e até hoje tem boa margem de venda por estudiosos e curiosos, a linguagem o fez até render uma edição ilustrada para crianças. 
  Laurentino Ramos que tal qual jornalista que é deixa evidente a falta de neutralidade, indispensável ao historiador, já no subtítulo da obra - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil - e desta forma traz para a mesinha da sala a discussão de história em termos mais populares, mas sempre respaldado em autores de obras correlacionadas, a introdução é feliz em explicar em parte isto, mostrando que a obra é de um jornalista, que tem fontes por vezes pouco confiáveis (como Wikipédia) e outras das mais seguras.
 Em suma, o livro é recomendado, está longe de ser uma obra definitiva sobre o tema e julga os textos acadêmicos como obras fechadas ao nicho, o que a maioria de fato é, ao que acrescenta, a obra traz a filiação de um arquivista real antes do casament,o que até aquele momento era desconhecida, o que é um tanto interessante para observarmos as relações de matrimônio da época, além de bem ilustrado com pinturas belíssimas da época, seu maior trunfo é trazer a história do país novamente ao interesse da massa, best seller, vendeu mais de 600 mil cópias no país.
 A sociedade que conhece melhor sua história pode da mesma forma entende-la melhor.

  Deu até vontade de ler 1822 lançado em setembro passado...            

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