26.10.10

T2


 “Apesar de possíveis coincidências com a realidade, este filme é uma obra de ficção"


 Assim inicia Tropa de Elite 2 - o inimigo agora é outro e pelas próximas duas horas o limite entre realidade e ficção fica pra concepção de cada um, desde a “retomada” na produção de filmes no país em 1995 não se via tamanho expoente, Tropa 2, que traz o capitão Nascimento (Wagner Moura)  agora Tenente-coronel a frente do comando do bope, bota traficante no saco e mete o dedo na ferida aberta do país.
 Confesso que o segundo título dos caveiras me levou a pensar num caça-níquel baseado no sucesso do primeiro filme, pensamento que não procede, os dois filmes tem sua auto-suficiência, e mostram que diversão e discussão social podem estar relacionados.
 O primeiro filme, com o sucesso em grande parte devido a pirataria, ao menos no que se refere a divulgação (ou você não assistiu tropa de elite antes do cinema?) ganhou as ruas no  que parecia um viral, as pessoas falavam de "boca em boca" do filme e queriam ver mais daquilo, documentários sobre o bope logo tornaram-se tropa de elite 2, 3, 4 (!!!) no camelôs mais próximos, evidente que o interesse da população pelo cinema de gênero se fez presente, desde quando o cinema deu seus primeiros passos no Brasil, o apelo do gênero se fazia presente principalmente nos sucessos e trazia com ele o interesse das camadas populares para a sétima arte, aqui acontece da mesma forma, o “povo” foi ao cinema e tornou o filme de maior arrecadação da história do cinema nacional (fonte: filmeB)
 Quinze anos se passam entre o primeiro filme e este segundo, não mais narrado pelo aspira Matias (André Ramiro), toma agora a locução do Coronel Nascimento como protagonista, e se no primeiro conhecíamos o grupo de elite da polícia, o bope, a polícia de farda negra especializado em executar marginais, neste eles servem apenas para menção, “o inimigo é outro” como o sub-título informa deixa a esfera local do conflito e aborda temas de maior amplitude nacional: a corrupção, o que mostra as "bolas" da produção em pleno ano eleitoral.



  Peculiar ver como em determinado momento do filme com a surra de um político corrupto na tela algumas pessoas no cinema aplaudem, a impressão de realidade ou de desejo se faz presente, José Padilha (diretor) e Bráulio Montovani (roteiro) trazem um filme que tenta explicar, as vez de forma até didática, as vias da corrupção, Padilha consolida sua carreira e se mostra o diretor brasileiro mais ousado do atual cenário, mostra disso está no roteiro que é complexo, atira primeiro, e pergunta depois, e ao bem da narrativa não poupa ninguém, as cenas de ação estão bem melhores, bem encenadas e cortadas, se posicionando em momentos clímax perfeitos.
 Atuações grandiosas a parte, Wagner Moura se mostra novamente excepcional, não se tenta fazer uma versão Jack Bauer ou McGyver tupiniquim mas sem dúvida o tenente-coronel nascimento é o herói brasileiro, herói que chora, grita, sente, afinal ele é o que muitos podem se identificar, um em meio a um sistema cruel e hierárquico dominado pelos que mais desprezamos, os corruptos. O filme é feliz em se posicionar com relação a corrupção do país sem esquecer a cartilha básica do cinema, um final reflexivo além de lineriedade na ação, ou mesmo diversão.
 O filme faz sucesso porque parece real ou parece real porque faz sucesso? Em meio a discussão sociológica que se faz presente, discuta, em casa, na mesa do bar ou então ignore-a e cada cachorro que lamba sua caceta.   
  


Este lado da blogsphera está por tempos desatualizado visto a execução da minha monografia, bjomeliga. 

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